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domingo, 15 de agosto de 2010
sábado, 14 de agosto de 2010

Permitam-me compartilhar alguns conhecimentos que tenho sobre o assunto e meu posicionamento pessoal a respeito do mesmo.
No vasto universo religioso do cristianismo, encontramos pessoas de várias tendências de fé, ou seja, há milhares de formas distintas de entender e seguir o Evangelho, o que, aliás, ocorre desde os primórdios dessa expressão religiosa.
Assim, há vários movimentos religiosos nos mais diversos grupos cristãos espalhados pelo mundo (segundo as últimas estatísticas, já há mais de dez mil igrejas cristãs diferentes umas das outras).
Algo comum entre eles é aquilo que é chamado de "direita cristã" ou "neoconservadorismo cristão" que consiste na pregação das mais variadas teorias conspiratórias. Essa tendência é caracterizada como "Teologia da Perseguição", pois seus membros descrevem o mundo como algo mau, dominado pelo "diabo", cujos "demônios” estão à solta e são responsáveis por influenciar as pessoas a cometerem todo tipo de maldade. É, portanto, uma visão extremamente negativa e pessimista -- aterrorizante, até --, mas que atende os interesses desses grupos religiosos, uma vez que, tomados pelo medo, muitas pessoas acabam aderindo a tais grupos e movimentos religiosos.
Antes, porém, de se deixar influenciar pelas suas colocações amedrontadoras, é fundamental que verifiquemos os fundamentos daquilo que nos está sendo transmitido, isto é, mantermos a mente sempre aberta [há uma canção que gosto muito que diz: "tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo"].
Quando estudamos de modo sério o tema, percebemos que os assim chamados "illuminati" não são nem um pouco perigosos. Vejamos o porquê:
No final do século passado, foi publicado nos Estados Unidos um livro intitulado "Architects of Fear: Conspiracy Theories and Paranoia in American Politics" [em livre tradução para o português: Arquitetos do Medo: Teorias da Conspiração e Paranóia na Política Norte-Americana], de autoria de George Johnson.
Johnson tem escrito muito sobre os conflitos influenciados por concepções religiosas da direita conservadora naquele país e sua extensão para o resto do mundo. No texto, ele investiga a fundo a sociedade dos “Illuminati”, sua história e a utilização de mitos e lendas sobre essa organização por teóricos da conspiração, que são, em sua maioria esmagadora, cristãos conservadores de direita, cuja propagação de idéias favorece todo tipo de intervenção militar dos EUA ao redor do mundo, como aconteceu no Iraque, em que o Presidente Bush, na ocasião, defendeu a invasão e a guerra nefasta naquela pobre nação por motivação religiosa (Deus teria "revelado" pessoalmente a ele que os malditos mulçumanos iraquianos deveriam ser aniquilados a fim de proteger Israel de suas intenções territoriais de ocupar Jerusalém).
Com um grande espírito crítico (algo que devemos sempre cultivar), o autor destaca que vão se proliferando absurdas convicções religiosas de que a sociedade está caótica por causa de um complô "satânico" que procura conquistar o mundo por diversos meios, inclusive por intermédio da sociedade secreta dos "illuminati", cujo lema seria "novus ordo seclorum" (nova ordem mundial) e que inspiraria seus objetivos nefastos. O escritor coloca, também, que os teóricos da conspiração acreditam que os membros dos "illuminati" estariam controlando cada vez mais as principais organizações e governos ao redor do mundo e que estaríamos às vésperas de um batalha entre o bem e o mal (aquele iminente “Juízo Final” pregado há séculos e que nunca chega). E se fundamentam esses cristãos apocalípticos em várias "provas" (ou fantasias?) que sustentarim suas teses de fim de mundo.
Mas seria isto realmente verdade?
Felizmente para nós -- e infelizmente para os pregadores do Armagedon -- tais argumentos não se sustentam se investigarmos a fundo os fatos, tal como deve ser em tudo na Vida.
E de onde, então, vêm essas teses?
A história é longa, então vou resumir:
Na época da Revolução Francesa (século XVIII), os ideais de igualdade, liberdade, fraternidade e uso da razão pareceram perigosos demais para os puritanos de todas as religiões então existentes. Temiam que tais princípios fizessem com que o ateísmo acabasse com as instituições religiosas européias, dado o espírito crítico que então surgiu. Não estavam os religiosos acostumados com o questionamento de seus ideais religiosos e, angustiados pelo medo da dúvida que tais questionamentos provocavam, chegaram a uma conclusão: é o "capeta" que estaria influenciando esses pensadores ao redor do mundo. E o que ele queria? Destruir as religiões e instaurar uma nova ordem global sem Deus. Claro que tudo isto é risível, se olharmos hoje para os fatos, quase trezentos anos depois dos acontecimentos. Contudo, não era para aquelas pessoas cuja religiosidade havia sido herdada e não estudada ou devidamente fundamentada. E é justamente o que está acontecendo hoje de novo. O medo do novo, do desconhecido, dos rápidos avanços, do inusitado da Vida, gera tais paranóias. Quando um grupo religioso quer ter respostas para tudo, mas a realidade coloca em xeque seus posicionamentos, a tendência é ficar na defensiva e contra-atacar com argumentos radicais, a fim de se auto-preservar. Aliás, isto ocorreu várias vezes depois daquela época, continua acontecendo e daqui a décadas a mesma situação deverá se repetir, e o mundo não acabará, o "chifrudo" não dominará a Terra e nenhum governo único se instalará; por outro lado, muitos terão se fechado em um grupo religioso sectário e apocalíptico, se afastando cada vez mais do mundo e do bom-senso.
Apesar de, psicologicamente, ser uma sensação sedutora acreditar que tudo está relacionado, que este mundo tantas vezes louco e insano pode ser explicado por uma única teoria sobre todas as coisas, pela qual haveria uma firme rede de causa e efeito com uma força misteriosa e invisível como propulsora principal no controle, esta neurose coletiva, porém, não se sustenta. Basta lermos e estudarmos como as coisas ocorreram para nos aliviarmos dessa carga pesada que a insensatez dos conservadores religiosos querem colocar sobre nossos ombros.
Enfim, os "illuminati" ou "alumbrados" nada mais foram que pensadores que surgiram na época do iluminismo europeu, pessoas que ousaram questionar as estruturas religiosas então vigentes, de forma crítica e aberta, e, que, por isto, em razão de perseguições desses mesmos grupos religiosos, entenderam por bem se reunirem discretamente para poderem fazer fluir seus pensamentos sem o medo da prisão, da tortura e de outras conseqüências piores. Dentre eles encontramos filósofos como Voltaire, Diderot e outros tantos. Eram racionalistas, não conspiradores nem membros de uma “família satânica”. Tudo completamente humano e natural. Todavia, como os fanáticos e fundamentalistas religiosos não aceitam a realidade da Vida, precisam constantemente criar fantasias e ilusões para justificar suas crendices, razão pela qual resolveram agora ressuscitar o tema e, como de costume, cobri-lo com seus mitos e medos. A nós, porém, cabe não abdicarmos do bom senso e rirmos – ou termos pena – dessa nova insensatez religiosa.
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